24/07/2016

Danças Clássicas Indianas: Kathak - कथक

O QUE É

É uma das formas de Dança Clássica Indiana, oriunda do Norte da Índia. É a junção de teatro, música instrumental, vocal e o uso de gestos e movimentos estilizados para representar a história contada.

A palavra kathak vem do sânscrito Katha que quer dizer história e katthaka que quer dizer aquele que conta histórias.


ORIGEM

Origina-se no Norte da Índia, com os bardos nômades, kathaks ou contadores de histórias que atuavam (contavam as histórias mitológicas e das escrituras sagradas indianas) nas praças e pátios de templos.

Como já disse, a palavra Kathak (contador de história) deriva de ‘katha’ que significa história, logo sua origem deriva da tradição de contar histórias.


HISTORIA

O Kathak, surgiu através dos nômades/peregrinos antigos que interpretavam os contos mitológicos de épicos indianos, nos pátios dos templos. Estes nômades eram conhecidos por kathakars ou bardos, e costumavam recitar os contos sob o acompanhamento de música, mímica e dança. Eles iam de aldeia em aldeia contando as histórias, e sobreviviam da ajuda dos governantes locais das aldeias em que iam. 

O Kathak nessa época era como uma expressão de devoção dedicada aos deuses hindus. E depois isso mudou.

Com a "invasão" árabe, a chegada da era mughal, os nababos muçulmanos, a influência do persa, governantes medievais, o Kathak sofreu grandes modificações. Ele foi movido dos templos para as cortes desses novos e grandes poderosos governantes.  Esses tinham grande preocupação com entretenimento, então o Kathak se desenvolveu para uma nova arte, assumiu-se como uma forma de entretenimento que era privativa das cortes e palácios. Sob o patrocínio dos governantes, uma classe de dançarinas e cortesãs, surgiram para entreter os palácios e tribunais.

Durante a era medieval o Kathak se tornou parte integrante da cultura da corte, absorvendo as influências islâmicas, emergindo como arte clássica, após o Império Britânico na Índia. Tudo isso estabeleceu de vez o Kathak como uma forma de arte clássica do que entretenimento colonial.

Com isto, na época, surgiram duas gharanas (escolas) principais, nascidas nas cortes reais: a gharana de Lucknow (influenciada pela cultura Awadh) e a gharana de Jaipur (influenciada pelo culto a Krishna).

A sua forma originária era muito semelhante à forma de dança Bharatnatyam. Hoje, sua forma atual contem os vestígios históricos iniciais, das danças e rituais de templos com a influência do movimento Bhakti, com a absorção de características da dança persa, da Ásia Central, que foram trazidos pela corte mughal no passado.


MUSICA

A música usada nas performances do kathak é a música hindustani. 


DANÇA

A dança exige dos dançarinos expressões bem delicadas, existe uma quantidade de movimentos sutis das sobrancelhas, por exemplo. A emoção é transmitida através das expressões dos olhos e do rosto. E não podendo esquecer das batidas "fortes" com o pé no chão. O nível alto do Kathak é quando o dançarino consegue, fazer um solo tradicional.

Os dançarinos geralmente se comunicam com o seu público/platéia, e estes devem estar bem atentos para pegar todos os detalhes dos movimentos e conseguir ver o que o dançarino quer mostrar.

Pode ser dançada por homens e mulheres.

Elementos do Kathak:

Tayari - O virtuosismo da técnica e das competências adquiridas através da formação e prática sistemática.
Layakari - A compreensão profunda e versatilidade de ritmo e tempo.
Khubsurti & Nazakat - A estética da forma de arte e a sutileza refinada de expressão e de evocar a emoção.
Nritta - Exercícios de movimento, básico bátida do pé, transformação dos chakras, padrões rítmicos, recitação da dança, versos.
Nritya - Gestos interpretativo, expressão e canto de canções tradicionais e poemas.
Natya - A arte de contar histórias, os nove sentimentos (nava rasa), e trabalhando com energias.

INSTRUMENTOS

Os mais comuns são o sitar acompanhado de um par de tablas, mas também podem aparecer o sarod, o pakhawaj, o sarangi, a tambura e o harmônio, o bansuri, o dilruba, o esraj, o ghungharu, o santur, o surmandal.


GRANDES NOMES

Uma Sharma: dançarina, coreógrafa e professora de Kathak. Foi a bailarina mais jovem a ser receber o Padma Shri, concedido pelo Governo da Índia. Já se apresentou em países como Nova Zelândia, Austrália, EUA, Canadá, Japão e China. Foi estudante de Pandit Sunder Prasad, da gharana de Jaipur. Dirige a sua própria Escola de Música e Dança na capital da Índia.

Pandit Birju Maharaj: é principal dançarino da gharana de Lucknow. Sua familia é lendária em dançarinos de Kathak. Aos 13 já dava algumas aulas de Kathak, antes de abrir sua própria escola. Além de dançar ele também ja compôs, coreografou e ate cantou. A musica Kaahe Chhed Mohe de Devdas (2002) foi ele quem coreografou, também coreografou Umrao Jaan e Bajirao Mastani.

BOLLYWOOD

Assim como outras danças, o Kathak também já foi representado nos longas de bolly, os mais conhecidos são: Dil To Pagal Hai (uma sequencia onde SRK toca tambores, bateria e Madhuri dança o Kathak), Aaja Nachle (O Re Piya), Dedh Ishqiya (Jagaave Saari Raina), Jeet (Saanson Ki Mala).

Observação: Não se deve confundir Kathak com Mujra. Vi pesquisando que mutos colocavam o Kathak e Mujra como a mesma coisa, por serem as vezes parecidos pelas cenas dos filmes (na dança ou pela roupa), em um video que vi estava escrito "Bollywood Mujra (Kathak)", não tá certo pois são formas diferentes.



(IMAGENS RETIRADAS DA INTERNET)

Espero que tenham gostado!

Namaste!

10/07/2016

Danças Clássicas Indianas: Kuchipudi - कुचिपुड़ी

O QUE É:

O Kuchipudi, é uma das principais formas de dança clássica da Índia. Apresenta uma união de diversos elementos, como yoga e teatro. É bastante tradicional no estado do sudeste indiano de Andhra Pradesh (onde começou). É conhecido por seus movimentos graciosos e sua forte narrativa personagens e drama.

ORIGEM:

O Kuchipudi surgiu na aldeia Kuchelapuram, perto de Vijaywada, no estado de Andra Pradesh (na vila Kuchipudi, distrito de Krishna), no sul da Índia.

O nome Kuchipudi, deriva da aldeia de Kuchelapuram.


HISTÓRIA:

Sua história começa nos teatros e templos, e foi crescendo como uma forma dramática de dança durante centenas de anos. Por algum tempo, Kuchipudi só foi executado por dançarinos nos templos e também em certos festivais auspiciosos religiosos e outros.

Foi tida em alta estima pelas regras do Deccan, por exemplo, Tana Shah em 1678 concedeu as terras ao redor de Kuchipudi, aos brâmanes que soubessem executar a dança. Ou seja, sempre foi muito valorizada.

Ela cresceu a partir o século VII d. C., mas só se consolidou no século XVII, pelo advento do movimento Bhakti, sob o comando de Siddhendra Yogi (já outros dizem que foi no século 14 que já se consolidou), dando uma nova direção ao estilo. Inicialmente, era executado somente por dançarinos homens em apresentações coletivas de caráter teatral. Apenas no séc. XX passou a ser praticado por mulheres e aproximou-se mais do universo das danças indianas, onde alcançou seu auge.

Nos tempos modernos (hoje), o Kuchipudi está muito diferente do que quando surgiu/era.


A DANÇA:

Como nas outras danças que tem suas marcações e poses, o Kuchipudi é marcado por poses esculturais, giros, pulos e pela agilidade, graciosos movimentos do corpo e gestos com as mãos. É uma forma de dança que requer muito equilíbrio, graça e potência, rapidez e sensualidade, e também uma selvageria (tudo vai depender do que esta sendo contado e o que o dançarino quer passar).

Essas marcações todas se devem aos temas que são originados das escrituras e mitologia Hindu.

Uma execução de resistência do Kuchipudi é o Taragam, executado sobre um prato de cobre e com um pote de água na cabeça. Este número tem um significado espiritual para os praticantes: “Assim como o dançarino move-se no palco indiferente às dificuldades, do mesmo modo nós devemos nos mover em nossas vidas indiferentes aos problemas e preocupações".

Kuchipudi, emprega o Lasya, Thandava e Abinaya com o propósito de interpretação do Slokas. Também inclui Samyutha, Asamyutha Hasthas, Karana, Chari, Angahara, Mandala, Nrutha Hasthas etc. É a única forma de dança que faz o uso de quatro Abhinayas (Angika, Vachika, Aaharya e Satvica) juntos (que nem o Bharatanatyam com os mudras...).

Difere do BHARATANATYAM, por seus movimentos graciosos e sua forte narrativa com o personagem dramático, é uma dança cintilante realizada com graça e movimentos fluidos.

O dançado hoje em dia adquiriu sua forma no século 20.

 
DANÇARINOS:

O intérprete é treinado não só para dançar, mas também para transmitir o diálogo intenso com expressões faciais e com o canto, onde a história é contada.

Inicialmente, como já disse, os dançarinos eram homens depois passou a ser praticado por mulheres. Então os papeis femininos, antes da entrada das mulheres, eram feitos pelos dançarinos/homens mais bonitos, novos, e que tivessem traços delicados.

Para dominar esta dança e apresentá-la em níveis altos, onde o dançarino vai conseguir transmitir facilmente o Bhava (emoções), um dançarino que já tenha alguma base, não levaria menos de 10 anos. O bailarino não só dança a música de fundo tradicional, mas também age com gestos, bem como palavras.

Para começar a aprendê-lo não tem idade, a base se aprende de 4 a 5 meses, dependendo da velocidade do aprendizado do aluno e em 6 anos totais está “completo”.



ROUPAS:

Um de seus requisitos é o traje, joias e maquiagem em harmonia para projetar a graça e fluidez no palco.

Na maquiagem pode haver: altha (pintura das mãos e pés), sindoor, kumkum, bindi, lápis de olho preto, sombra, pó facial com as cores sendo mais claras do que a cor da pele do personagem/dançarino.

As joias exóticas tem estilos que coincidem com o traje ao adicionar brilho .

A roupa em si geralmente é quase toda branca com bordas de ouro com duas linhas padrões com trabalho em zari criado de diversas cores. E ainda tem uma longa prega no centro (na parte de baixo – saia/calça) com uma borda e um katcham em volta.


INSTRUMENTOS:

Kanjira

Manjira

Mridangam

SaraswatiVina (South Indian Vina)

Surpeti

Tanpura

Venu

Violin



GRANDES NOMES:

No pioneirismo do Kuchipudi está Siddhendra Yogi. Pela modernização do Kuchupudi, foram responsáveis os dançarinos populares Vedantam Lakshmi Narayana Sastry, Chinta Krishnamurthy, Tadepalli Perayya, Vempati Chinna Satyam, CR Acharyalu, e Dr. Nataraja Ramakrishna que ajudaram a expandir a dança. Com a sua “reforma”, que inclui mulheres nessa dança também, se reconhece nomes como Raja & Radha Reddy, Bhavana Reddy, Yamini Reddy e Kaushalya Reddy.


VÍDEO:

VEJA AQUI UMA APRESENTAÇÃO DE KUCHIPUDI: https://www.youtube.com/watch?v=D1bcjenN6Uc

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