O QUE É
O Odissi ou Orissi é uma das formas de dança clássica da Índia. É uma dança ritual da região leste da Índia, em que se expressam as histórias religiosas, idéias espirituais e outras tradições relacionadas aos deuses hindus, com movimentos de corpo, expressões e gestos.
Tem seu fundamento no texto sânscrito do Natya Shastra (texto sobre as artes performáticas atribuído à Bharata Muni).
ORIGEM
Tem-se que se originou por volta do século I ou II a.C., nos templos hindus de Odisha, como no Templo do Sol em Konarak, o Nata mandir (Nata mandapa) (que significa Templo da Dança), onde estão esculpidos os movimentos básicos da dança.
Lá ela era realizada exclusivamente pelas dançarinas dos templos, as Maharis, que viviam e dedicavam-se ao serviço interno dos templos, as devadasis. Isso, até meados do século XVI ou XVII, quando chegaram os homens para substituí-las, então eles se vestiam de mulheres e eram conhecidos como Gotipuas, daí a dança se expandiu dos templos para as “ruas” e para as cortes.
HISTÓRIA
A história da dança Odissi, tem quase 2 mil anos. As raízes do Odissi vem do Natya Shastra, dito acima, que divide a dança basicamente no Nrita e Nritya. Nos tempos remotos, foi realizado predominantemente por mulheres, na antiguidade, mas a sua tradição acabou enfraquecendo durante a era de “regime islâmico”, e foi suprimido durante o período britânico na Índia, fazendo com que passasse a ser executado também por homens, que foram substituir as dançarinas (Maharis).
Diversos locais na Índia remontam às raízes do Odissi, como os sítios arqueológicos hindus, budistas e jainistas, as cavernas como as de Alatgiri, Ratnagiri e Lalitgiri, os templos de Puri, Konarak e Bhubaneswar, que retratam ícones budistas, como Marichi, Vajravarahi e Haruka nas esculturas e entalhes de musica e da dança, remetendo à prática do Odissi no passado.
Mas, infelizmente, durante a era Mughal, vários desses e outros locais em que se praticava o Odissi, foram invadidos por sultões, sendo saqueados, e destruídos como o templo de Jagannath em Puri, afetando negativamente não só a evolução do Odissi, como o desenvolvimento de todas as formas de artes e a liberdade dos artistas. O pouco que conseguiu sobreviver, foi devido ao patrocínio de alguns monarcas hindus, que consequentemente tornou as danças dos templos (algo tido como sagrado) em entretenimento da corte.
Quando ainda estava se “reerguendo”, já com a expansão, começou a participação dos homens, os Gotipuas.
Algum tempo depois, veio o domínio britânico sobre a Índia, por volta do século XIX, declinando novamente a prática do Odissi, e outras formas de dança clássica, que tiveram de se submeter à diversão dos britânicos (algo totalmente averso aos seus objetivos) e o desprezo dos missionários cristãos, perdendo todo o seu brilho e magnitude original.
Com isso, houveram determinações para proibir a prática da dança em qualquer lugar que fosse, inclusive nos próprios templos hindus. Os dançarinos sem apoio caíram em desgraça, pois aquilo era a sua vida!
Mas, finalmente no início do século XX, a comunidade indiana não mediu esforços para reavivar sua cultura e tradição, revivendo as danças clássicas. E conseguiram!!
Mas a dança não deixou de sofrer influências. No passar dos tempos, com a independência da Índia, a sua prática passou por revitalização, reconstrução e expansão.
A DANÇA
A dança Odissi é toda estruturada de forma sinuosa e não linear, caracterizada pela harmonia de opostos e fluidez de movimentos, chamados de Bhangas, realizados através de duas posições básicas, o chowka e tribhanga, (símbolo das energias masculina e feminina).
O chowka (que simboliza o Senhor Jagannath) é a energia masculina, distinto por uma postura mais rígida, que distribui a força entre os dois lados do corpo, igualmente. Já o Ttribhanga, é a energia feminina. A dançarina molda seu corpo como um "S", realizando movimentos sinuosos, porém demarcados. Eles envolvem três fontes de expressão (tribhangi) cabeça, busto e tronco, que é o que a diferencia das outras danças.
O repertório de desenvolvimento da dança inclui o Nrita, Nritya, Natya e Moksha. A Nritta, é composta apenas de movimentos; a Nritya, conta a história pelos movimentos, neste caso, cada expressão facial e cada movimento dos olhos têm um significado diferente, expressando diversos estados de alma (bhava); o Natya é a dramatização e; o Moksha, é liberdade de alma e libertação espiritual.
Ao se iniciar a dança, ocorre uma invocação à Mangalacharana, seguida pela oferenda de flores (Pushpanjali) e a saudação à mãe terra (Bhumi Pranam). Depois ocorre o Batu ou Batuka Bhairava ou Battu Nrutya ou Sthayee Nrutya, que é dança pura ou nritta dedicada para o Lord Shiva, apenas em música rítmica.
A seguir, ocorre o Nritya ou Abhinaya para comunicar uma história, canção, peças religiosas ou poesia através de gestos de mão ou mudras, emoções ou bhavas e movimentos dos olhos e do corpo. A próxima é a natya.
As Maharis, tinham um treinamento rigoroso desde cedo para realizarem a dança nos templos, para elucidar os poemas espirituais e peças religiosas.
FORMAS/ESTILOS:
Na prática tradicional da dança Odissi, há dois estilos principais, o feminino, executado pelas mulheres, focado no espiritual, tal como faziam as maharis no templo. E, o estilo masculino, o aperfeiçoamento do estilo das mulheres, em que inclui-se movimentos atléticos e acrobáticos, que nos tempos passados eram realizados nas ocasiões festivas dos templos e para o entretenimento do público (e até hoje).
Já o “Odissi Moderno”, apresenta uma gama diversificada nas suas apresentações, com fusão de culturas e temas, realizados em peças de teatro, por exemplo. Temos como exemplo dessa forma moderna da prática do Odissi esse vídeo abaixo, em que as dançarinas executam a musica do Ed Sheeran, (achei lindo demais!!)
E também pra quem não sabe, ou não é da época, no clipe Black or White do Michael Jackson, aparece dançarina Odissi:
A MÚSICA
A música executa para a prática do Odissi é baseada em ragas (um conjunto de notas, escalas e normas que fazem a melodia), sendo as principais ragas: Shokabaradi, Karnata, Bhairavee, Dhanashri, Panchama, Shree Gowda, Nata, Baradi e Kalyana.
Ainda, a música é dividida em quatro classes: Dhruvapada (a primeira linha cantada repetidamente), Chitrapada (o arranjo das palavras em estilo alternativo), Chitrakala (a expressão da arte, em si) e Panchal
INSTRUMENTOS:
Os instrumentos musicais incluem: tabla, pakhawaj, harmônio, címbalos, violino, flauta, cítara e o swarmandal.
ROUPAS E JÓIAS
As dançarinas usam sari de cores vivas como o laranja, roxo, vermelho ou verde, geralmente em seda, com desenhos tradicionais e locais, como o Bomkai Saree e o Sambalpuri Saree. Na parte da frente do sari há pregas ou um tecido plissado separado, costurado na frente para que haja a flexibilidade dos movimentos.
As jóias de prata em filigrana (tarakasi) adornam suas cabeças(mathami), orelhas (kapa), pescoço, braços (bajuband/bahichudi) e pulsos (kankana). Na testa se usa o tikka, ou allaka. Na cintura é amarrado um cinto todo trabalhado. Nos tornozelos, vem as tornozeleiras (ghunghru) feitas de tiras de couro com pequenos sinos metálicos presos.
Os pés e palmas das mãos são pintados com alta (corante vermelho), e os olhos são marcados com Kajal, para deixar os movimentos oculares mais visíveis. E finalmente o cabelo, é preso em coque, adornado com Seenthi.
Já os dançarinos, usam dhoti, dobrado na frente e enfiado entre as pernas que cobrem a parte inferior do corpo da cintura, enquanto a parte superior do corpo permanece nua. Um cinto adorna sua cintura.
Espero que tenham gostado!
Namaskar!
IMAGENS:
https://bahamabhava.tumblr.com/image/120184833517
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